Bordado: um ofício atemporal

Post atualizado em: 11/08/2021 18:37:00

O bordado manual é uma manifestação tênue... delicada da cultura e é expressão de várias sociedades. Através de inúmeras técnicas e pontos o bordado conta histórias, descobertas, acontecimentos e representa, através de cores e texturas, rituais, salvaguarda hábitos e costumes estabelecendo um vínculo entre gerações.

As primeiras utilizações da linha e da agulha, precursores dos trabalhos manuais, provavelmente surgiu para suprir necessidades e tinha, portanto, uma função prática. As peças – panos, eram peles de animais ou tecidos artesanais que serviam para abrigar dos ventos em lugares abertos.
Há o registro de que as peças bordadas à mão mais antigas foram encontradas no Egito. Objetos artísticos com tessituras estavam presentes na Grécia Antiga e roupas de lã, bordadas na Idade do Bronze.
Mas as sedas e gazes bordadas à mão profissionalmente foram criadas na China, no século IV a.C. abordando temas religiosos. Já na Índia podem ser apreciados bordados com as cores de flores e animais.
O bordado à mão foi se difundindo na África, alcançou o Oriente Médio, Ásia, Europa e América.
Na América do Sul o bordado aparece com a influência de vários povos. Através da diversidade de técnicas, adereços, novos pontos de bordado e diferentes suportes de tecidos enriqueceu a produção têxtil.
Na Idade Média o destaque são roupas dos padres, bispos e papas católicos que exibiam finos bordados e revelaram traços dos povos orientais devido as Cruzadas. Neste período já se encontra o bordado sendo também executado por homens, embora ainda fosse considerado uma atividade doméstica feminina.
Na Idade Moderna, o bordado alcança as vestimenta dos cidadãos, porém ainda permanece acessível apenas aos mais ricos, pois as linhas ainda eram artigo raro e caro.
A tintura, bem como a confecção dos fios, era feita manualmente. O cenário só iria mudar com a industrialização no final do séc. XIX. Período que aqui no Brasil, marca o surgimento das primeiras fábricas de linhas, em 1880, na região do Vale do Itajaí em Santa Catarina.
É fato que o bordado traz histórias lindas... que ao longo da civilização foi considerado uma atividade realizada quase exclusivamente por mulheres sendo que algumas usavam o bordado para alcançar seus sonhos enquanto para outras, em cada bordado, cabia os planos da família... e tantos projetos... que se concretizavam ponto a ponto!
Para Claudia Regina Ribeiro Pinheiro das Chagas “Os usos de bordados pelas mulheres têm a ver, entre outras questões, com a busca por uma participação cidadã, através da expressão que o bordado vem propiciando nos caminhos por elas percorridos, ao lado da necessidade de ‘ganhar o pão’ em uma sociedade, crescentemente, excludente.”
O bordado alcançou através de artistas como Rosana Paulino, Lia Menna Barreto e Arthur Bispo do Rosário, as salas de exposição e os livros de arte... servindo de encantamento além de quebrar com os paradigmas do uso das técnicas de expressão artística e agregou a força da tradição e da cultura à linguagem visual ressignificando o papel para esta técnica artesanal.

O bordado é uma arte universal e entre seus atributos estão a sua força expressiva, a beleza, a afetividade... responsável pela personalização de peças que constroem lembranças e sentimentos que associamos com a nossa casa... nosso benquerer!

 

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